A banda Coveiros, formada há oito anos, tem um início de história muito parecido com bandas que hoje são referência musical, eles tocaram em garagens, festivais de escolas, galpões, festas em casas de amigos, praças e na famosa e nostálgica Oficina do Rock (que era realmente uma oficina de carros). “Tinha um evento que a Zázá, esposa do Hélio (guitarrista) fazia na escola Rio Branco, chamado Aula da saudade, era uma confraternização dos alunos do 3° anos. Lá você podia cantar, dançar, falar, enfim qualquer coisa pra enriquecer o evento, na época, não conhecíamos o Hélio e nem tínhamos banda, muito pelo contrário, nem pensávamos nisso, certo dia a Zázá nos convidou para tocar no evento, logo em seguida decidimos quem seria o vocalista, baixista e baterista faltava o guitarrista, foi ai que fomos apresentados ao Hélio e começamos a ensaiar” comenta Giovanni Marini, vocal da banda.
O nome Coveiros pode até soar estranho logo de início, mas para uma banda que toca Hardcore e que tem influências de Dead Kennedys, Ratos de Porão, D. R. I., Psycho Possessor, Extreme Noise Terror, Napalm Death, Epäjärjestys, Hatebreed e bandas de metal como Slayer, Sepultura, Brujeria e Pantera, fica fácil de entender, “certo dia falei de brincadeira o nome Coveiros por influência do Sepultura, nunca pensamos em algo melhor, na verdade já tentamos varias vezes dar sentido a esse nome, mas simplesmente não tem sentido (Risos) , então ficou Coveiros mesmo, agora talvez por termos um estilo característico o nome possa remeter a alguma coisa, como violência, barulho qualquer coisa. Antigamente as bandas surgiam pra fazer cover, salvo algumas exceções como a Merda Seca, DHC, Orbe, quando surgimos queríamos tocar cover, mas também criar músicas próprias, e assim foi nossa saga junto com a Merda Seca, compondo e tocando, sendo vaiado um dia e aplaudido no outro, mas não desistíamos da idéia de criar musica e definir um estilo, isso acabou acontecendo e foi bem gradual” diz Giovanni.
O Rock Independente em Porto Velho
Na capital de Rondônia e no interior do estado como Ji-paraná e Vilhena existem muitas pessoas envolvidas no universo rock independente, além dessa quantidade de trabalhadores, existe uma busca constante pela qualidade, com o objetivo de estar sempre buscando uma melhoria dos trabalhos. Pode-se dizer tranquilamente que a cena amadureceu, quando se fala em organização e também preconceitos, antes havia muitas brigas e picuinhas entre os músicos em detrimento de seu estilo predileto, o que enfraquecia o rock dos beradeiros, segundo o Giovanni: “a galera cansou dessas brigas e percebeu que a união e a organização poderiam trazer bons frutos tanto pra cena local/regional como para a própria banda, foi a partir desse marco existencial que começamos de fato a produzir eventos com responsabilidade e qualidade, as bandas procuraram gravar cds/eps, começaram a buscar shows fora de Porto Velho, enfim houve de fato um amadurecimento”.
“Hoje vejo uma cena doente, infelizmente quando vou aos shows, vejo as mesmas bandas tocando as mesmas músicas, não sei ao certo o que está havendo, mas parece que paramos, as bandas mais antigas (mais de quatro anos) continuam tocando, a última leva de bandas novas com qualidade em Porto Velho foi em 2006, hoje olho pra cena e dá vontade de chorar, mas existe uma luz no fim do túnel, que são os grandes festivais em Rondônia, acho que isso pode dar novamente um gás na molecada pra voltar a produzir e surgirem novas bandas com qualidade, e principalmente comprometimento”.
Infelizmente o estado não investe em cultura e tem sido apontado durante muitos anos por pesquisas como um dos estados que menos investiu nesta área. Exemplo clássico para tal constatação foi a resposta de um agente público ligado à cultura de Porto Velho ao ser taxativo em afirmar que “Rock não é cultura”.
Para Giovanni a principal dificuldade encontrada pelo Projeto Beradeiros, o qual entre outras ações também realiza o Festival Beradeiros, é justamente a parte financeira, pois o Estado e as empresas locais simplesmente não entendem que as atividades do projeto assim como o Festival são formas de auto-afirmação cultural. Essa falta de sensibilidade por parte da iniciativa pública e privada faz com que surja cada vez mais dificuldade em captar recursos, por outro lado isso serve como aprendizado, pois surgem novas formas e alternativas de se buscar a captação de recurso.
O exemplo mais contundente disto é o (festival) Casarão 2008. O grande filão é buscar recursos a nível federal, “mas para isso precisamos colocar alguns pingos nos ‘is’ ainda, mas sou confiante, acredito que 2008 e 2009 serão os melhores anos de nossa cena, vai ser um carimbo de qualidade nos eventos e nas bandas que participarem dos festivais”, avalia o vocalista da banda Coveiros.
VIRADA CULTURAL
A banda irá participar da Virada Cultural, evento que será realizado nos dias 26 e 27 de abril e promove ações culturais por toda a grande São Paulo. Uma dessas ações justamente é coordenada pela Associação Brasileira de Festivais Independentes (ABRAFIN) e pelo Circuito Fora do Eixo. Haverá um palco onde irão se apresentar as principais bandas independentes do país, cujo nome será “Palco ABRAFIN”.
Serão aproximadamente 24 horas de apresentações ininterruptas e a Coveiros irá subir no palco às 8:10 da manhã do dia 27/04. “Esperamos que tenha algum maluco por lá, pra prestigiar, mas pelo que fiquei sabendo ninguém vai embora até acabar”.
Ainda sobre a Virada Cultural a banda diz estar super empolgada com a oportunidade de se apresentar em São Paulo, “existe a possibilidade de algumas portas serem abertas para nossa banda no sudeste do país, ali nosso estilo tem mais força, por esse motivo estamos produzindo músicas novas e ensaiando muito, chegar a São Paulo sem muita conversa e descer a mão pra impressionar”. O Circuito Fora do Eixo organizador da idéia é basicamente um caminho de comunicação entre produtores e bandas.
CD COVEIROS
Lançado em dezembro do ano passado no Madeira Festival com inicialmente 100 cópias o primeiro CD com 14 faixas da banda é auto-intitulado, “COVEIROS”.
Mas esta não é a primeira gravação da banda que já gravou três Eps de forma independente. “O primeiro EP se chama ‘Gays querem justiça’ idéia do Del e é uma fita cassete com seis faixas gravadas toscamente. O segundo se chama ‘Massacre nunca mais’ este mais bem produzida e contém 15 faixas, que deu certa visibilidade a banda em Porto Velho e o 3º EP não tem nome. Todos foram distribuídos gratuitamente em Cd’s e pela internet”.
A distribuição e a aceitação dos EP’s foram os principais responsáveis pelos convites e viagens para fora do estado. Embora os três trabalhos anteriores não agradem a própria banda pela questão da qualidade da gravação o CD atual agradou aos “coveiros”, por ser bem gravado e também comprovar o amadurecimento da banda.
O Cd tem recebido críticas que segundo a banda são muito positivas, o que tem dado motivação para ir mais longe buscar novos rumos e mostrar seu trabalho. “Todo mundo que tem banda sonha em ser reconhecido, receber elogios e tal... vontade de crescer nós temos, um dia as coisas podem clarear mais para o Hardcore aqui no estado, por enquanto vamos por tocando onde chamarem e de graça”, finaliza Giovanni.
Entre os eventos que já participaram estão os festivais “Revoltados no balde”, Guerrilha Rock e Varadouro em Rio Branco/AC); Madeira Festival e Beradeiros em Porto Velho; Rock in Jipa (Ji-Paraná/RO); e o Festival Calango em 2006 (Cuiabá-MT).
Contato:
www.fotolog.net/coveirospvh
coveiroshc@hotmail.com
giovannibsm@gmail.com
lathebiosa@gmail.com
Coveiros é Hardcore e ódio:
Giovanni - vocal
Iuri - baixo
Hélio - guitarra
Del - bateria
Ouça: Tramavirtual e Palcomp3.
Veja as letras no Blog da Coveiros
Fotos no Fotolog da banda.
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